A\r\nexperiência concreta mostra que a ampliação da terceirização não é garantia de\r\nsucesso econômico, mas sim fator de enorme dano à classe trabalhadora.
Por Jorge\r\nLuiz Souto Maior (portal Carta Maior)
O setor empresarial, apoiado por alguns juristas, economistas, veículos\r\nde informação e políticos, tem dito que a único modo de melhorar a saúde\r\neconômica das empresas é promovendo a ampliação da terceirização.
Disseram a mesma coisa no\r\ninício da década de 90, quando quiseram ampliar as possibilidades de\r\nintermediação de mão-de-obra, antes limitadas às hipóteses do trabalho\r\ntemporário (Lei n. 6.019/74) e do trabalho de vigilância (Lei n. 7.102/83).
A economia não melhorou,\r\naliás, piorou, e em vez de se ter aprendido que é totalmente inconsistente a\r\ndefesa dessa ideia, a não ser para atender a propósitos restritos não\r\nrevelados, querem incorrer no mesmo erro.
Ora, é muito fácil prever que\r\na economia só tende a piorar com a precarização das condições de trabalho, mas\r\nsequer é preciso passar por uma experiência dessa ordem, que seria desastrosa\r\npara muita gente, para que se consiga constatar a ocorrência do fenômeno.
O exemplo do momento é o da\r\nempresa Oi.
Nesta semana, a Oi foi\r\ndeclarada em recuperação judicial, estando, pois, confessada a sua\r\nimpossibilidade econômica de respeitar compromissos contratualmente assumidos.
Caso fossem autênticas as\r\nteses liberais geralmente defendidas a Oi teria que ser um sucesso econômico,\r\npois adveio de uma privatização aos moldes tucanos e ao mesmo tempo recebeu do\r\nEstado, financiamento, incentivos fiscais, reserva de mercado e uma lei (embora\r\ninconstitucional[1]) que lhe permitiu explorar o trabalho por meio da tão aclamada\r\nterceirização da atividade-fim.
A Lei 9.472\r\n(artigo 94) que autorizou a terceirização da atividade-fim no setor das telecomunicações,\r\nadveio no bojo do espírito neoliberal do governo FHC, cuja atuação marcante foi\r\na da privatização de inúmeras empresas estatais. Segundo destaca Grijalbo\r\nFernandes Coutinho, “Ávido para dar cumprimento ao projeto neoliberal,\r\nentreguista, antissocial e afinado com as premissas do denominado Consenso de Washington,\r\no governo FHC radicalizou na política de privatização de inúmeras atividades\r\nessenciais antes executadas pelo Estado brasileiro, promovendo, ainda, intensa\r\nterceirização de mão de obra em todos esses serviços.”[2]
\r\nLembre-se que o propósito das leis de privatização foi o de conferir\r\nvantagens aos adquirentes das estatais no sentido de garantir investimento\r\neconômico nos setores respectivos, como se deu no caso das empresas de estradas\r\nde ferro e dos Bancos.
Mas ao longo dos anos de\r\natuação das empresas de telecomunicações, todas elas, que se valeram em larga\r\nescala da terceirização, foi o legado de um enorme rastro de supressões de\r\ndireitos, sobretudo trabalhistas (incluindo um elevado número de acidentes do\r\ntrabalho[3]) e consumeristas, que lhes assegurou, inclusive, a trágica\r\nconquista de serem as maiores acionadas nos Tribunais, sendo que com a\r\nrecuperação judicial o sofrimento de trabalhadores e consumidores só tende a\r\naumentar.
Enfim, fica a certeza, dada a\r\nexperiência concreta, de que a ampliação da terceirização, atingindo,\r\ninclusive, a considerada atividade-fim da empresa, não é garantia de sucesso\r\neconômico, sendo, isto sim, fator de um enorme dano à classe trabalhadora, à\r\nadministração da Justiça e à sociedade em geral.
\r\n
\r\n
\r\n
Nº de operações contra trabalho escravo cai 23,5% em 1 ano; total de resgatados é o menor desde 1998
O número de operações de fiscalização para a erradicação do trabalho escravo caiu 23,5% em 2017 em comparação com o ano anterior, segundo dados do Ministério do Trabalho. Foram realizadas 88 operações em 175 estabelecimentos no ano passado, contra 115 em 2016. É a menor atuação das equipes de erradicação desde 2004, quando foram feitas 78 fiscalizações. Já o total de trabalhadores resgatados também apresentou queda em 2017. Foram 341 pessoas encontradas em situação análoga à de escravos e retiradas das frentes de trabalho, número mais baixo desde 1998. Em...
Do vinho quente ao milho assado, saiba quanto você paga de imposto na festa junina
QUANTO DOS QUITUTES É PAGO EM IMPOSTO? A chegada do inverno no Brasil sempre vem acompanhada das tradicionais festas juninas. Fazem parte da tradição roupas, bebidas e comidas típicas. O Fisco, no entanto, também participa das comemorações, pegando um grande volume de tributos embutidos nos preços dos produtos. Pesquisas do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) e da BDO mostram o quanto dos produtos típicos das quermesses é pago em impostos. PAÇOCA E AMENDOIM O preço da paçoca, doce sempre presente nas quermesses, tem 27,25% de impostos, segundo...
Cientista político diz que terceirização transforma a dignidade do trabalhador em responsabilidade de ninguém
O projeto de lei 4330/2004, de autoria do deputado federal Sandro Mabel (PMDB-GO) é um golpe contra os trabalhadores que está se armando no Congresso Nacional A Câmara dos Deputados está prestes a aprovar um projeto que amplia os casos em que pode ocorrer terceirização no Brasil. E não será apenas atividades-meio, não, pois atividades-fim também entrarão no bolo. O cientista político Leonardo Sakamoto (Blog do Sakamoto/UOL), explica, didaticamente, o verdadeiro significado desse projeto de lei do deputado...